Rio Antigo - História

16/09/2015 11:13

 

Como destino trágico de um capitão português selou futuro de região mais nobre do Rio de Janeiro

Image caption icola Facchinetti Acervo Museu Imperial Casa Geyer
Lagoa Rodrigo de Freitas antes da urbanização; à frente, na direita, o Morro Dois Irmãos
 
Os anos 1710 não foram fáceis para o capitão Rodrigo de Freitas. Em 1711, com a segunda invasão francesa ao Rio de Janeiro, os homens de posses foram chamados pela Coroa portuguesa a ajudar a pagar o resgate exigido pelos invasores para que a cidade não fosse bombardeada. Em 1717, morreu sua mulher, Petronilha Fagundes.
 
Falido e viúvo,  Rodrigo de Freitas  decidiu deixar o Rio e voltar a Portugal, sua terra, com o único filho e herdeiro, João de Freitas e Castro. A viuvez ajudou a selar o destino do capitão português e da imensidão de terras do engenho que ele possuía na zona sul do Rio, incluindo a lagoa que herdou seu nome, hoje um cartão postal do Rio.
 
Das terras do capitão também saíram os bairros de Ipanema, Jardim Botânico, Horto, Gávea, Leblon, Lagoa, Copacabana e Fonte da Saudade. A história deles é contada no livro A Fazenda Nacional da Lagoa Rodrigo de Freitas, dos historiadores Carlos Eduardo Barata e Claudia Braga Gaspar (Editora Cassará).
 
Piraguá ou Sacopenapã foram os primeiros nomes da lagoa, que depois foi tomando os nomes dos proprietários, como era costume à época. O terreno primeiro pertencia à Coroa Portuguesa, que criou ali, em 1575, o Engenho D'El Rei.
 
Em 1598 a área foi vendida a Diogo Amorim Soares, e a Lagoa tornou-se conhecida como Lagoa do Amorim. O proprietário vendeu o terreno ao genro Sebastião Fagundes Varella em 1609 e o local passou a chamar-se Lagoa do Fagundes. Em 1707, seu genro, o capitão Rodrigo de Freitas, casado com Petronilha Fagundes, adquire o engenho, que passa a se chamar Engenho da Lagoa Rodrigo de Freitas.
 
Com a morte de Petronilha, em 1717, e já com as finanças combalidas depois de ter ajudado a pagar o resgate exigido pelos invasores franceses, o capitão Rodrigo de Freitas retornou a Portugal. Levou consigo o único filho, João, então com 13 anos. Outros três filhos que tivera com Petronilha morreram muito pequenos.
 
De mudança, o capitão vendeu a parte do terreno que daria origem a Copacabana. Voltou para sua cidade natal, São Martinho de Penacova, e recuperou-se financeiramente em Portugal, pois um capataz contratado por ele para as terras da Lagoa foi arrendando partes da propriedade a várias famílias, o que garantiu a Rodrigo de Freitas e seu herdeiro uma boa renda.
O capitão nunca se casou novamente, concentrando-se na educação do filho e na administração de seus bens. Morreu em 1748.
 
Segundo os registros da antiga Fazenda Nacional, o espelho d'água da Lagoa tinha 4,48 milhões de metros quadrados. Mas foi sendo sucessivamente aterrado para construções e hoje tem cerca de 2,3 milhões de metros quadrados. No ano 2000, a Lagoa foi tombada pela União e sua geografia é preservada.
 
 
Image caption Haley Pacheco de Oliveira Wikimedia Commons
Lagoa receberá competições nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016
 
Fonte: Fernanda da Escóssia
Do Rio de Janeiro para a BBC Brasil em 16/09/2015
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150914_livro_historia_rio_fe_cc

 

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